Dos Desejos D’Alma





Nenhuma palavra dita sem querer
desejando o nosso bem querer.
Olhares que não deciframos,
declarações mudas que não fizemos...
Abraços que não nos demos.
Filmes que não assistimos... Pipocas que não compartilhamos...
Corações que não doeram de saudade, nem barrigas que não gelaram pelo reencontro.
Bilhetinhos que não escrevemos, nenhum poema recitado, baixinho, ao pé do ouvido,
nenhuma canção elegida como ‘nossa’...
Nenhum carinho...  Nenhum gesto...  Nenhuma emoção.
Nenhum caos na cozinha por causa de um jantar especial, feito às pressas para surpreender...
Passeios que não fizemos... Mãos que não demos...
Nenhuma briguinha... Nenhuma reconciliação.
Nenhuma lágrima... Nenhum sorriso...
Nenhuma surpresa.
Nem sonhos, nem planos...
Dois estranhos buscando as mesmas coisas...
Sem nunca se encontrarem.

S. Paulo, 30, um sábado de Junho de 2012.