Os Templates e Eu

 

Meu relacionamento com os templates começou assim que tive a necessidade de criar um blog. Quando criei o “O que eu tenho? Eu tenho ISSO!” (meu primeiro blog) a tarefa parecia simples, várias opções de templates e era só clicar no preferido e pronto! Eu acreditava que podia fazer o download de vários templates, escolher o que mais se adequava às minhas necessidades e nascia um novo blog, exatamente como fiz da primeira vez, mas não foi tão simples assim.

Escolhi dezenas de templates de vários sites diferentes, só prestava atenção naqueles mais bonitos, mais apresentáveis e fazia o download – descontroladamente – de todos os que eu via pela frente que atendia a esses requisitos mínimos.

Muitos desses templates vinham como arquivos de extensão “XML” (eXtensible Markup Language), mas isso não era problema, afinal, era só fazer o upload do modelo e torcer para que o blogger aceitasse sem maiores complicações. A minha aversão, o meu terror pessoal, sinônimo de noites mal dormidas e que me dava um nó nas entranhas eram os arquivos “TXT” (bloco de notas). Quando eu olhava para aquele emaranhado de códigos, barras para cá, colchetes para lá... Mais barras, tags e, mais tags, um frio – mais congelante que o próprio Alaska – percorria todos os ossos do meu corpo até congelar meu estômago.

HTML? CSS? Porque tenho que aprender Photoshop CS4? Que diabos é Dreamweaver? O que é tudo isso, meu Deus?

Fiquei deprimido, tomei dois comprimidos (escondido do meu ego ferido) e abortei a missão por tempo indeterminado ou até ter paciência e tempo suficientes para encarar o problema (agora eu sei o que é - Adobe Dreamweaver, antigo Macromedia Dreamweaver, software desenvolvimento voltado para a web).

Foi nesse meio tempo (entre aspirinas e tentativas frustradas para fazer funcionar o template escolhido) que me apaixonei por crônicas. Lia bastante, mas queria criar, queria escrever as minhas próprias peripécias literárias do cotidiano e... Escrevi! E pensei (inocentemente):

- Vou escrever algumas crônicas e depois crio um blog para postá-las.

O plano era escrever, no mínimo, dez crônicas para iniciar o blog e ainda ter reservas na medida em que ia escrevendo as novas crônicas [risos incontroláveis]. Eu devia ter prestado mais atenção a um trecho de um texto do V. de M. (Vinícius de Moraes), cujo título é “Exercício da Crônica” em seu maravilhoso livro “Para Viver Um Grande Amor – Crônicas e Poemas” que dizia o seguinte:

O ideal para um cronista é ter sempre uma ou duas crônicas adiantas. Mas eu conheço muito poucos que o façam. Alguns tentam, quando começam, no afã de dar uma boa impressão ao diretor e ao secretário do jornal. Mas se ele é um verdadeiro cronista, um cronista que se preza, ao fim de duas semanas estará gastando a metade do seu ordenado em mandar sua crônica de taxi – e a verdade é que, em sua inocente maldade, tem um certo prazer em imaginar o suspiro de alívio e a correria que ela causa, quando, tal uma filha desaparecida, chega de volta à casa paterna.

Ainda sou um aspirante a cronista e não pretendo trabalhar em jornal algum e, mesmo assim, não consigo escrever crônicas para deixar o trabalho adiantado.

Mas voltando aos templates...

Acabei escolhendo este que vocês vêm (“vocês” foi ótimo – mais risos incontroláveis), mas por comodismo. Não aguentava mais ler sobre HTML, XML e etc.

Mesmo assim este me deu alguns problemas, mas acabou se rendendo e me deixando instalá-lo, como num ato de misericórdia por ver meu esforço.

O que eu aprendi com tudo isso?

- Nunca, em hipótese alguma, queira instalar algo que você não entende. Todo mundo tem um amigo nerd para fazer isso por você. Ligue para ele e peça gentilmente: “Socorro, pelo amor de Deus, instala um template novo no meu blog, por favor. Te apresento aquela minha amiga que você ‘paga um pau’ há séculos. O que me diz?”.

S. Paulo, 15, uma terça-feira de Junho de 2010.