Mulheres Que Amam Trogloditas

  

 

O ideal é depois de algumas cervejas, mas pode perguntar aos homens que você conhece, pois a maioria terá uma opinião semelhante: os caras que se dão bem com as mulheres mais maravilhosas são, em 90% dos casos, umas mulas. Alguns, oito vezes mais gordos e feios do que você. E umas vinte vezes mais ignorantes. Em uma visão rigorosamente particular, é claro.

Então significa que o controle de qualidade das mulheres perdeu o controle? Não necessariamente. O que acontece é que os Neandertais que se dão bem com as mulheres maravilhosas fazem algo que nós não fazemos ou só fazemos em pouquíssimas ocasiões ou nunca: eles pegam na mão.

Fazem pose de namoro sério para suas amigas e colegas de trabalho, ligam para vocês todos os dias, prestam contas. Afastam-se dos amigos, diminuem a freqüência de jornadas nos bares mais sujos da cidade. E se dão bem, mesmo quando todos os amigos – dele – sabem que são os maiores manes que a humanidade já se ouviu falar.

Tentar refletir sobre o que leva mulheres maravilhosas a escolher cidadãos desse naipe que adoram fazer pose é o mesmo que adivinhar a cor do cavalo “Branco” de Napoleão: depois que você descobre o trocadilho, nunca mais cai na piada. E vice-versa.

Até na mesa de bar, que é um lugar sagrado, os trogloditas passam a noite toda segurando na mão, com a coluna ereta e o peitoral estufado. Sem nunca se esquecer de guardar o celular e a carteira na bolsa dela. Elas acham o máximo. Como se aquele território fosse dele e tivesse sido conquistado à duras penas – quando, na verdade, é exatamente o oposto: eles é que são os escolhidos.

Afinal, quem hoje ainda tem dúvidas de que é a mulher que “escolhe”? É muito simples: mulher ainda tem certo controle de qualidade, mas para alguns homens… umas coxinhas grossinhas já são o suficiente. Existem dúzias de teorias sobre o assunto. Algumas, inclusive, defendidas pelas próprias mulheres maravilhosas quando indagadas sobre a escolha tão desprezível de seres mais desprezíveis ainda.

Uma das teorias, e que não adianta dizer o contrário, é que a mulher zela mais pela segurança do que qualquer outra coisa – ou seja, não adianta se você é um bartender, se esforça pra ter um blog de crônicas, lê muito, escreve alguma coisa, se aventura no mundo dos códigos HTML e gosta muito de um bom Blues, mas sabe que a MPB também tem seu valor e é legal; tem que firmar compromisso, garantir aquela segurança sentimental, o telefonema quase que diário, a prestação de contas para onde você foi ontem à noite e o almoço com a família de vez em quando.

Em outras palavras, você precisa deixar seu lado urso (com trocadilhos) de lado para se transformar num cara desse tipo. Há teorias de que a mulher nem se importa de estar com um cara desses porque ele sabe dar valor a ela, vai querer bajular; enquanto que um cara bacana e descolado não vai saber, pois supostamente já tem muita mulher bonita correndo atrás dele. Ledo engano, porém, visto que geralmente acontece o oposto.

Há teorias de que o cidadão, sabendo que é bronco e que mulher nenhuma vai dar bola, trata logo de passar o dia elogiando e fazendo todos os gostos da eventual mulher maravilhosa que levantou asas para ele. E sempre vai ter uma maravilhosa disposta a isso. Sempre.

Evidentemente, também há aquela teoria da idade. Por mais maravilhosa e inteligente que uma mulher possa ser, o inconsciente
coletivo de se casar e se adequar aos padrões da sociedade e satisfazer a família, se intensifica. O medo generalizado (porém com certa razão) de chegar a uma idade que não mais permite a reprodução invade o consciente, inconsciente e subconsciente feminino.

Quando chegam na faixa dos 30 anos, a situação se torna crítica e periclitante. Muitas simplesmente surtam de vez. Resolvem não dar tempo ao tempo. E sempre haverá um mané à espreita. Sempre.

Se a situação já se torna crítica quando a mulher beira os 30 anos, a tensão piora astronomicamente quando ela atinge a idade de Cristo, 33. Aí, meu amigo, quem estiver por perto – e disposto a ser crucificado – é pego para ser Jesus. E quem não encarar esse evangelho, vira Pilatos. Claro que há exceções, mas as exceções eu deixo para a gramática.

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