Como Escrever Uma Crônica?

Com certeza não no ônibus, pois a letra fica horrível, mas se você não quiser ouvir o meu conselho, vá em frente, mas pelo menos ouça este outro: não use lapiseira, pois o grafite quebra a toda hora.

Eu estava procurando a melhor posição, esperando o melhor momento de escrever (que é justamente a hora em que o ônibus para, alguém sobe ou desce - ou ambos), para escrever aquela frase inteligentíssima que tinha acabado de sair do fundo da minha alma e, quando o momento certo chegou, me dei conta: esqueci a frase.

Talvez fosse aquela a frase que desencadearia um parágrafo salvador da pátria e, consequentemente, se formariam vários outros parágrafos igualmente interessantes e minha crônica seria perfeita, mas não foi isso o que aconteceu.

Pronto. A viagem insólita por vários bairros da cidade, até chegar o meu, que é sempre o último, chega ao fim.

Encontro-me, agora, no aconchego do meu lar. Descanso um pouco da viagem, bebo algo gelado, pego alguma coisa para comer, tomo um bom banho, assisto a um pouco de televisão e sento em frente ao computador. Abro o Word e aquela tela branca de “novo documento” chega a me hipnotizar. Fico ali, parado, esperando a tal da inspiração chegar, mesmo que em forma de surto ou devaneio (ou outras verdades). E nada acontece. Nenhuma ideia genial. Simplesmente as palavras não vêm.

Ligo o videogame para relaxar um pouco, mato alguns zumbis, ganho algumas corridas (não chego a perder, pois antes disso eu seleciono a opção “restart race” e começo a corrida de novo), esperando que algumas vitórias inflem meu ego e me inspirem de alguma maneira, mas não é o suficiente.

Coloco uma musiquinha no Media Player, daquelas bem inspiradoras (pensei), tipo a do Bobby McFerrimDon’t Worry, Be Happy. E, de repente... nada.

Tento buscar inspiração nos meus ídolos da literatura (V. de M., Veríssimo, Jabor...), visito alguns sites e blogs na internet, assisto a alguns vídeos de comédia Stand Up no You Tube, mas é em vão: nada daquilo faz a minha mente brilhar e abrir as portas mágicas da crônica.

Comecei a me perguntar, tentando resgatar da memória, como foi o meu dia. O que fiz ou o que aconteceu de interessante que possa ser usado para escrever a tão sonhada crônica...

E a resposta saltou diante dos meus olhos:
- Eu passei o dia todo tentando escrever uma crônica!

Mas como é que se escreve uma crônica?

 

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