Escrevendo Uma Crônica: Parte I

Escrever poderia ser uma prática incrivelmente fácil. Basta me lembrar de que pode acontecer que alguém leia isso que logo me dá um branco e demoro uma eternidade para terminar a crônica.

No meu caso, quase todas as crônicas são escritas no fim de semana - durante a semana não faz sentido perder tempo útil com tanta baboseira.

Mais uma Sexta-Feira

Ao sair para beber uma gelada, as ideias começam a fluir, como um rio em direção ao mar. E, de acordo com o meu grau alcoólico, às vezes, acende a lâmpada acima da minha cabeça e penso:

“Puuuuuuta que me pariu, isso dá uma crônica!”.

Não vou negar que isso também acontece às segundas, terças, quartas e quintas-feiras, mas a diferença é que somente na sexta-feira me sinto prepotente o suficiente para acreditar que vou me lembrar de tudo no dia seguinte.

Eu costumo ter sempre um caderninho de anotações no bolso, afinal, nunca sabemos quando alguém vai levar um tiro na rua, ou for assaltado, ou mesmo, atropelado - e se eu fosse um repórter de algum jornal sensacionalista, seria a oportunidade perfeita para perguntar ao familiar da vítima que presenciou tudo:

“Como a senhora está se sentindo?”.

Quando estou sozinho no escritório, digo, no bar, tento tirar o caderninho do bolso discretamente e rabisco rapidamente alguma ideia repentina usando palavras-chave em forma de equações bem simples, tais como:

Cerveja + mulher bonita = retribuição divina;
Cerveja + mulher feia = acúmulo de créditos no céu;
Mulher feia – cerveja = missão divina;
Cerveja + cerveja = nirvana.

E por aí vai...

O meu problema é, mais uma vez, acreditar cegamente que vou conseguir lembrar no sábado pela manhã o que cargas d’água significam aquelas palavras-chave. Claro que isto se torna uma epopéia já que, dependendo mais uma vez do meu grau alcoólico, minha letra fica indecifrável.

(Continua…)

Nenhum comentário: