As Mulheres Que Nós Amamos

 

 

Dedico esta crônica a todas as mulheres que não me quizeram e àquela que não me quer

 

As mulheres que nós amamos não são, necessariamente, as mulheres que nós estamos apaixonados ou para as quais dizemos “eu te amo” (e geralmente não é mesmo, pois nunca tivemos essa oportunidade). As mulheres que nós amamos não são as mulheres que nós amamos no sentido literal da palavra, mas sim num sentido muito mais amplo. Até parece complicado, mas não é.

As mulheres que nós amamos se enquadram naquele seleto grupo de mulheres superiores e maravilhosas que passam pelas nossas vidas (mas, raramente, como um eclipse solar). Deixam feridas que não cicatrizam nem envelhecem. Deixam marcas e lembranças que vão servir de epígrafe, até o fim de nossos dias, nas conversas de bar, no trabalho, com os amigos mais íntimos, etc.

Uma mulher maravilhosa não precisa ser linda e ter um corpo bonito. Na verdade, algumas mulheres maravilhosas fogem do padrão universal de beleza e nem por isso deixam de ser intensamente desejadas. É algo intrínseco a elas, consciente ou não. Talvez, herança genética. A diferença é o “jeitinho” delas.

Se você, homem bacana e versado, parar para pensar um pouco, vai conseguir recriar em sua mente todas as mulheres que nós amamos desde a época do ginásio. Sempre havia aquela especial, aquela que se destacava entre as demais mesmo não sendo a mais bonita. Na universidade e no trabalho não foi diferente, sempre há aquelas mais desejadas, idolatradas, cortejadas.

Elas nem são lindas, nem têm o corpo mais torneado. São apenas maravilhosas, simplesmente, do jeito delas. São as mulheres que nós amamos porque são únicas.

Elas fazem você acreditar que Deus realmente existe, mas também fazem você ter certeza que nem Deus as entende. Afinal, o que leva tantas dessas mulheres maravilhosas a muitas vezes se apaixonar por um troglodita ou um orangotango, em vez de um cara bacana e versado (e que tem um blog de crônicas toscas, é bartender e gosta de estudar web design) feito você.

As mulheres que nós amamos são indescritíveis. Algumas delas carregam aquele jeitinho de menina sapeca; algumas têm aquela voz rouca que deixa você de cabelos em pé; outras possuem uma voz suave e baixinha, que desafiam todo seu poder de contenção.

Outras têm aquele olhar maroto, meio tímida e meio selvagem; aquele sorriso sedutor, aquele andar diferente, aquela conversa cheia de gestos. Às vezes é o senso de humor, o espírito etílico, (muitas das vezes) a inteligência. Não há como provar cientificamente. Só quem entende o que são essas mulheres maravilhosas é quem as conhece, quem estuda ou trabalha junto a elas. Quem percebe essas mulheres, se não a gente?

Às vezes, essas mulheres maravilhosas nem gostam da fruta. Preferem maçã em vez de banana. Não importa. Nem por isso elas deixaram de serem nossas musas inspiradoras. E apenas reforçam nossa fé de que, um dia, iremos conseguir (re) convertê-las e mostrá-las que banana tem  mais potássio que maçã.

Por mais que você tente ignorá-las, por mais que você tente pensar em outra coisa, por mais que você tente esquecê-las ao chegar em casa, não adianta. Elas continuarão lá. Na mesa do bar, no fundo do copo de cerveja, no mesmo lado da calçada que andas naquele momento, às vezes, aí, sentada ao teu lado no ônibus ou metrô.

O único problema é que nem todas essas mulheres maravilhosas sabem quão maravilhosas elas são. E, infelizmente, com certa frequência, se deixam encantar por cidadãos broncos. Mesmo assim, elas continuam sendo as mulheres que nós amamos… mesmo quando não nos amam.

Nenhum comentário: