Eu Bem Que Tento Não Falar Sobre O Amor – Que Sinto.

 

Pleno surto poético - crônico...

Sentei-me...

Tentei olhar a rua através do vidro, mas nada me interessava do lado de fora. Pensei em escrever e fui levado a uma viagem no tempo. Fui para épocas longínquas, dias em que eu acreditava, com impassibilidade, que o Amor era apenas uma palavra composta por quatro letras cujo cinema e a televisão embelezavam com todo o glamour que têm direito.

Escrevo, originalmente, e de próprio punho, em uma folha de papel A4, tão alva que me fez pensar nos poetas da antiguidade e em como eles escreviam. Quais eram seus materiais favoritos? Como eram seus momentos criativos? De onde vinham as inspirações mágicas para textos tão precisos e de beleza inigualável. Escreviam pensando em si e na própria glória ou queriam atingir o coração da Bem-Amada (termo usado pelo querido poeta – e apaixonado - Vinícius de Moraes)?

Todas essas perguntas me conduziram a uma avalanche de outras questões que, para mim, são de extrema importância em sua essência poética e, por que não dizer, mística.

Imaginei a reação da Namorada ao ler poemas dedicados à sua beleza indescritível, sua pura inteligência ou quaisquer atributos que valha.

Ela devia ter se sentido a mulher mais amada do mundo, ou, simplesmente, sido indiferente à verbosidade daquele cuja horas a fio escreveu, infatigavelmente, versos e mais versos, procurando nas palavras certas transmitir à Bem-Amada um pouco do que se passava em sua alma e em seu coração (salvo que a maioria dos poetas da antiguidade sofriam por amores platônicos e morriam com esse sentimento).

Lembrei-me que também faço isso. Também amo! Também tenho uma “musa inspiradora”, minha Bem-Amada, e também, tento, através da palavra escrita, demonstrar o quão verdadeiro é o Amor que sinto em meu peito e o quão importante é a presença da Namorada em meu coração e qual o impacto que a Bem-Amada causa na minha vida.

Parece uma tarefa fácil? E é... Já dizia Platão em sua sabedoria: “Não há ninguém, mesmo sem cultura, que não se torne poeta quando o Amor toma conta dele”.

Hoje escrevo poemas mais sóbrios, mais apaixonados e com um vocabulário mais rico, mas já escrevi as mais ridículas e deliciosas cartas de Amor, mas desculpe-me Sr. Álvaro de Campos, mas não pago mais esse mico, mesmo adorando escrevê-las!

Já me vi, provavelmente possuído por um antigo espírito poético, no meu quarto iluminado apenas com luzes bêbadas de algumas velas e uma pilha de folhas de papel A4 sobre a escrivaninha (que há anos não tenho mais) buscando inspiração no bailar descompassado das chamas das velas que me cercavam. Pensava na Bem-Amada e começava a escrever à esmo, sem mais delongas.

Mas a vontade que tenho mesmo é de adquirir uma caneta tinteiro ou mesmo uma pena só para sentir como é escrever textos de tal importância com esses instrumentos mágicos.
Desde que eu consiga não fazer muita sujeira!

 

 

 

Mogi das Cruzes, 16, uma sexta-feira fria de Abril de 2010.

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