Relacionamentos Humanos Em Tempos de Micro-ondas

 

Os dias passam, e cada vez mais percebo um mundo solitário formando-se ao meu redor. As pessoas não se conhecem e nem se preocupam umas com as outras e as relações são todas instantâneas; o prazer é imediato e não necessita de conquistas.
Não há tempo para saborear um beijo, deliciar-se com um abraço, apenas engole-se tudo isto sem mastigar, e por mais incrível que pareça, não há engasgo; tudo é tão habitual que não há surpresas diante destas cenas.
O vizinho é apenas o “cara que mora ao lado” e o colega de trabalho (ou de escola) é apenas alguém que trabalha (ou estuda) no mesmo lugar que você.
O grande “barato” é “ficar” e, quanto mais, melhor; o nome do(a) “fulano(a)” não importa, o que interessa é se ele(a) era bonito(a); e depois? Ah, depois a gente escolhe um(a) melhor ainda, porque, “a fila anda!”.
Tudo tem que ser rápido e prático, dentro ou fora da cozinha, troca-se a massa feita artesanalmente pelas “mamas” por “macarrão instantâneo” e “lasanha de micro-ondas”.
E, enquanto isso, existem caras, como eu, que querem muito mais que isso. Não queremos, simplesmente, “ficar”. Queremos compromisso, queremos ter para quem ligar no meio da noite só para ouvir a voz da Bem-Amada. Queremos ligar pela manhã só para falar “bom dia!”. Queremos passeios de mãos dadas. Palavras de carinho sussurradas no ouvido. Queremos dar flores numa data qualquer. Queremos nos divertir, mas com a Bem-Amada. Queremos ser felizes fazendo alguém feliz e isso nos basta…
Mas será que isso ainda é importante para as pessoas nos dias de hoje?

Não sei responder…

 

 

S. Paulo, 9, uma quinta-feira de Abril de 2009.

Nenhum comentário: